Líder de milícia anti-Hamas armada por Israel é morto em Gaza

O líder de um grupo anti-Hamas, armado e apoiado por Israel, foi morto em Gaza, em um potencial golpe para os planos de israelenses no pós-guerra no território devastado.

Yasser Abu Shabab, que liderava uma milícia que controlava uma área em Rafah, no sul da Faixa de Gaza, foi morto enquanto tentava “apaziguar um conflito” entre membros de uma família em uma praça pública.

Duas fontes israelenses afirmaram que Israel tentou levar Abu Shabab para um hospital no sul do país antes que ele fosse declarado morto.

Abu Shabab, que tinha pouco mais de 30 anos, parecia estar expandindo sua influência gradualmente no sul de Gaza, enquanto tentava criar uma área livre do Hamas.

Israel pretendia usar a milícia de Abu Shabab para enfraquecer o grupo palestino, como uma alternativa ao regime islamista do grupo militante.

Israel também planejava usar a organização do Abu Shabab, que ele chamava de “Forças Populares”, para garantir projetos de reconstrução dentro da Faixa de Gaza ocupada por Israel, na próxima fase do acordo de cessar-fogo.

Hamas considerava líder de milícia como “traidor”

Durante os últimos meses da guerra, o Abu Shabab ajudou a controlar o fluxo de ajuda humanitária pela passagem de Kerem Shalom, no sul de Gaza.

O Hamas, que anteriormente havia prometido atacar o Abu Shabab, chamou-o de traidor, mas não reivindicou explicitamente a responsabilidade por sua morte.

O grupo palestino afirmou que ele enfrentou “o destino inevitável de qualquer um que trai seu povo e sua pátria, concordando em ser um peão da Ocupação”.

Em comunicado, o Hamas elogiou todos aqueles que denunciaram o Abu Shabab e outros por “colaborarem” com Israel.

“Ressaltamos que a Ocupação, assim como falhou em proteger seus agentes, não pode proteger nenhum de seus colaboradores”, acrescentou o Hamas.

As Forças Populares enfatizaram que Abu Shabab não foi morto pelo Hamas.

“Negamos veementemente todas as notícias enganosas que sugerem que ele foi assassinado por membros do grupo terrorista Hamas, pois este é muito fraco para eliminar o Líder Geral”, afirmou o grupo em comunicado.

Imagens que circularam em diversos grupos de mensagens em Gaza mostravam vários palestinos comemorando a morte do Abu Shabab.

O líder coordenava gangues palestinas pouco organizadas que Israel apoia em Gaza, e seus membros permanecem, em grande parte, na parte do enclave ocupada por Israel.

Segundo Muhammad Shehada, especialista em Gaza do Conselho Europeu de Relações Exteriores, o grupo de Abu Shabab, que ele afirmava ter centenas de integrantes, realizava ataques em território controlado pelo Hamas antes de recuar rapidamente para a proteção de Israel.

Na ausência de um plano de governança pós-guerra para Gaza, Israel tem apoiado esses grupos armados, que ocuparam pequenos territórios em diferentes partes da Faixa.

O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu chamou os grupos de “uma coisa boa”, mesmo enquanto seus rivais políticos o atacavam por armar “o equivalente ao Estado Islâmico em Gaza”.

A operação em curso para armar os grupos, incluindo o Abu Shabab, foi autorizada sem a aprovação do gabinete de segurança, disseram dois funcionários israelenses à CNN em junho.

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