Não há espaço para compromissos quando se trata da segurança de Taiwan, e a liberdade e a democracia são valores fundamentais que nada têm a ver com disputas ideológicas, afirmou o presidente Lai Ching-te a reservistas do Exército nesta terça-feira (2).
Na semana passada, Lai anunciou um orçamento suplementar de defesa de US$ 40 bilhões para reforçar a determinação de Taiwan em se defender contra a crescente ameaça militar da China, que reivindica a ilha, governada democraticamente, como seu próprio território.
Em discurso para reservistas no condado de Yilan, no nordeste do país, Lai afirmou que, diante da coerção e do assédio da China, o governo teve que investir mais em sua defesa e se preparar melhor para o pior cenário.
“A segurança nacional não admite absolutamente nenhuma margem para compromissos. A soberania nacional e os valores fundamentais da liberdade e da democracia são o próprio alicerce da nossa nação”, acrescentou o presidente. “Não se tratam de disputas ideológicas; são a posição comum de todo o povo de Taiwan.”
Taipé precisa se apoiar na força para alcançar a verdadeira paz, disse Lai.
“A paz não pode ser alcançada apenas por meio de um pedaço de papel chamado acordo de paz, nem pode — nem jamais poderá — ser alcançada cedendo às exigências de um agressor”, continuou ele.
“Mesmo ao buscarmos a reconciliação, precisamos de um poder forte como respaldo para proteger os interesses gerais da nação. Sem esse apoio, a chamada reconciliação acabará degenerando em rendição.”
Reforma das forças de defesa
O governo de Taiwan anunciou uma reforma no treinamento de suas forças de reserva em 2021, incluindo o aumento da intensidade dos exercícios de combate e tiro.
No ano seguinte, estendeu o serviço militar obrigatório de quatro meses para um ano.
Nesta terça-feira (2), Lai observou reservistas pilotando drones, disparando armas de fogo, lançando granadas e aplicando torniquetes em seus companheiros durante o treinamento.
Embora Taiwan tenha fortalecido a produção nacional de armamentos, ainda depende fortemente dos Estados Unidos para itens de alto custo, como aeronaves, apesar da ausência de relações diplomáticas formais.
A vice-presidente de Taiwan, Hsiao Bi-khim, afirmou esta semana que o governo também aprecia o apoio de Washington no treinamento de suas forças armadas. Os programas militares americanos para Taiwan raramente são discutidos publicamente.
“Somos muito gratos por algumas iniciativas dos EUA que ajudam a treinar nosso povo”, disse Hsiao no podcast americano “Bannon’s WarRoom”. Steve Bannon foi conselheiro do presidente americano Donald Trump durante seu primeiro mandato.
“Acredito que os taiwaneses se sentirão mais confiantes se souberem que estão sendo treinados pelos melhores do mundo”, afirmou ela.
A China nunca renunciou ao uso da força para colocar Taiwan sob seu controle. Lai e seu governo rejeitam as reivindicações de soberania de Pequim, afirmando que somente o povo da ilha pode decidir seu futuro.