O incêndio que atingiu a Blue Zone da COP30 poderia ter se espalhado com muito mais velocidade caso a estrutura fosse feita com materiais sem qualquer tipo de retardante de chama, de acordo com o especialista em gerenciamento de riscos Geraldo Portela.
Segundo ele, embora o revestimento tenha queimado, as imagens indicam que havia alguma categoria de proteção — fator que teria evitado um cenário mais grave. “Se fosse um material sem nenhum poder de retardo, em 30 segundos o fogo já teria tomado tudo”, explicou à CNN Brasil.
A Blue Zone da COP30 chegou a ficar temporariamente fechada após o incêndio registrado na tarde de quinta-feira (20). Às 20h40, as atividades foram restabelecidas.
Risco maior em estruturas provisórias
De acordo com o especialista, montar a estrutura em uma instalação temporária significa assumir um risco “além do necessário”. “Uma instalação fixa tem que cumprir muito mais regras de segurança. Enquanto que a provisória, por ela ser provisória, ter uma exposição de pessoas por menos tempo”, disse.
Ele explica que, por serem desmontáveis e usadas por curto período, as exigências sobre resistência ao fogo, sistemas de combate e materiais são flexibilizadas. Isso, na avaliação dele, deveria ter sido descartado para um evento de “magnitude e responsabilidade” como a COP30.
Portela destacou que os materiais chamados de “anti-chama” não deixam de queimar: apenas retardam o avanço do fogo. “Quando se fala em anti-chama, não significa que não vai pegar fogo. É muito importante entender que é uma questão técnica”, explicou.
A PF (Polícia Federal) abriu uma investigação para apurar o incêndio. Uma vistoria inicial pelos peritos da PF já foi feita e nesta sexta-feira deve ser feita perícia completa.
Uma das principais linhas de investigação que se trabalha é de que um forno micro-ondas não compatível com a rede elétrica do local gerou um curto-circuito que levou ao incêndio.
Treze pessoas receberam atendimento médico por inalação de fumaça, sendo que três delas foram hospitalizadas. Em nota, a organização da COP30 informou que “a área afetada pelo incidente ficará isolada até o final da conferência”.