A decisão de zerar o tarifaço sobre alguns produtos brasileiros foi tomada pelo presidente Donald Trump em um contexto de pressões econômicas internas nos Estados Unidos. A medida, que beneficia especificamente o Brasil, não está aparentemente vinculada a contrapartidas ou negociações bilaterais, conforme avaliou Roberto Azevêdo, ex-diretor-geral da OMC (Organização Mundial do Comércio), em entrevista ao WW. “A inflação está subindo”, disse Azevêdo, ao se referir aos EUA.
Roberto Azevêdo, que teve experiência direta com Trump na OMC, destaca que esta redução tarifária difere de medidas anteriores, que eram aplicadas horizontalmente a diversos países. Segundo ele, não houve indícios de concessões por parte do Brasil em troca deste benefício.
Pressões econômicas e popularidade
A decisão americana ocorre em um momento de desafios econômicos nos Estados Unidos. O desemprego atingiu seu nível mais alto dos últimos quatro anos, embora a economia ainda mantenha sua robustez. Além disso, a inflação tem se tornado uma preocupação crescente, especialmente nos preços percebidos pelo consumidor médio.
A chamada “inflação saliente” – aquela que afeta produtos do dia a dia – tem impactado significativamente o poder de compra dos americanos. Produtos como carne tiveram aumento de 20%, e até mesmo itens de consumo popular, como bebidas em redes de café, registraram elevações expressivas de preço.
Em meio a este cenário, Trump tem demonstrado preocupação com a política monetária. Em tom jocoso, chegou a fazer comentários sobre Scott Bessent, sugerindo que ele deveria “dar um jeito” no FED, caso contrário poderia ser demitido. A redução das tarifas sobre produtos brasileiros aparece como uma tentativa de amenizar as pressões inflacionárias no mercado americano.