Brasileiros desconfiam das IAs (ainda bem)

Nunca confie cegamente no trabalho de uma IA. Essa é a lição mais básica que se pode dar a alguém que se dispõe a aprender como usar o ChatGPT, o Gemini ou qualquer ferramenta badalada dos dias de hoje. Muito me alegra saber, então, que os brasileiros têm sido bons alunos: quase metade do país tem um pé atrás com as inteligências artificiais, segundo uma pesquisa do Pew Research Center que acaba de sair do forno.

Para ser mais específico, 48% dos brasileiros sentem mais preocupação do que empolgação quando se trata das IAs. Isso representa 14 pontos percentuais acima dos países pesquisados. E estamos falando aqui de um levantamento grande: 36.961 entrevistados, em 25 nações.

E por que é preciso ter cautela com as IAs? Algum risco de elas virarem mestres da humanidade, no estilo O Exterminador do Futuro? Não, não é por aí – embora ninguém saiba ao certo como será o amanhã (responda quem puder). A questão é que elas erram com frequência, inventam dados de todo tipo, então é importante revisar tudo que entregam. Além de outras questões ligadas à inserção de inteligência artificial em diferentes esferas da vida, uso para fraudes e vieses algorítmicos, dentre outros.

Recortes da pesquisa

O objetivo do estudo era entender como pessoas em diferentes lugares do mundo se relacionam com o avanço dessas tecnologias e de que modo seus sentimentos variam conforme contexto econômico, idade, escolaridade e proficiência com a internet.

Jovens, homens, pessoas com maior escolaridade e usuários quase contínuos de internet formam o grupo que mais “ouviu falar muito” sobre IA — tendência que também vale no Brasil. Essa parcela tende mais à empolgação que à preocupação.

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Por outro lado, mulheres, pessoas mais velhas e cidadãos com menor escolaridade tendem a ver a IA com mais desconfiança. Eu, particularmente, acho que essa galera aqui está certa em ser prudente.

Quem é capaz de regular a IA?

Outra pista importante vem da pergunta sobre quem é capaz de regular a IA de forma eficaz. E há aqui um comportamento curioso: enquanto europeus e norte-americanos se dividem entre confiança e ceticismo em relação aos seus governos, os brasileiros aparecem entre os que mais acreditam na capacidade do próprio país de colocar ordem na casa.

Quando o assunto é confiar em forças externas, a União Europeia aparece à frente dos Estados Unidos e, especialmente, da China. Isso apareceu como tendência entre os demais países também. A UE é vista como reguladora mais responsável; os EUA inspiram mais dúvida; e a China é, para a maioria dos entrevistados, o ator menos confiável do grupo.

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