
Nos últimos meses, a segurança nas estradas norte-americanas tem sido um grande foco de debates políticos nos Estados Unidos, após o governo passar a exigir testes de proficiência em inglês para motoristas profissionais. A exigência começou em junho, mas foi em agosto, após um grave acidente que resultou na morte de três pessoas, que acabou por acalorar os discursos pró e contrários à medida.
Na última semana, o Secretário de Transportes dos EUA, Sean Duffy, anunciou que a exigência dos testes de língua inglesa já retirou das estradas 7.248 motoristas que atuavam sem saber falar e entender inglês. Além disso, o governo americano parou de emitir vistos de trabalho para caminhoneiros.
Em um post na rede social X (antigo Twitter), Sean Duffy disse que todos os mais de 7 mil motoristas foram considerados inelegíveis para operar veículos comerciais devido ao não cumprimento dos padrões de proficiência em inglês estabelecidos pelo governo de Donald Trump.
A medida exige que todo motorista saiba entender, falar, ler placas de trânsito e textos sem dificuldades. No caso do acidente mencionado no início do texto, ele foi causado por Harjinder Singh, um caminhoneiro de origem indiana que entrou nos EUA de forma ilegal em 2019 e solicitou asilo no país, obtendo uma CDL (carteira de motorista profissional) sem maiores dificuldades.
Sem entender os sinais de trânsito, Harjinder Singh fez uma conversão em local proibido, e a carreta que dirigia foi atingida por um SUV, onde faleceram três pessoas em decorrência da grave colisão.
Na polícia após ser preso, o caminhoneiro não conseguiu se comunicar de forma clara com os agentes, e respondeu a apenas uma pergunta, de várias que foram feitas.
Califórnia violou leis federais ao fornecer CDL para indiano
Um relatório divulgado na última semana pelo Departamento de Transportes dos Estados Unidos mostra que o governo estadual da Califórnia violou leis federais para permitir que imigrantes, como Harjinder Singh, obtivessem carteiras de motoristas profissionais.
O Departamento de Transportes notificou formalmente a Califórnia sobre “falhas significativas de conformidade” depois que uma auditoria revelou que uma em cada quatro carteiras de habilitação comercial (CDLs) para não residentes havia sido emitida indevidamente.
Após isso, o estado foi obrigado a suspender a emissão de carteiras de habilitação comerciais (CDL) para motoristas não domiciliados, identificar todas as CDLs não domiciliadas e não vencidas que não estejam em conformidade com as regulamentações da Administração Federal de Segurança de Transportes Rodoviários (FMCSA), e também revogar e as CDLs emitidas para pessoas não domiciliadas que não estejam em conformidade com os novos requisitos federais
“Minhas orações estão com as famílias das vítimas desta tragédia. Isso jamais teria acontecido se Gavin Newsom tivesse seguido nossas novas regras. A Califórnia violou a lei e agora três pessoas estão mortas e duas hospitalizadas. Essas pessoas merecem justiça. Haverá consequências”, disse o Secretário de Transportes dos EUA, Sean P. Duffy .
Além disso, o documento diz que o governador do estado da Califórnia, Gavin Newsom, foi explicitamente alertado de que o programa de emissão de CDLs da Califórnia estava perigosamente falho.
Com o aumento da fiscalização nas rodovias, o número total de motoristas que terão suas CDLs revogadas deve subir significativamente nos próximos meses.