A África do Sul abriga a maior população de rinocerontes do mundo, com aproximadamente 16 mil animais, segundo autoridades locais.
Apesar disso, a caça ilegal é considerada um problema crescente no país e representa uma ameaça real à sobrevivência da espécie – em 2023, 499 rinocerontes foram caçados, conforme dados do IFAW (Fundo Internacional para o Bem-Estar Animal, em português).
É neste contexto que a Universidade de Witwatersrand anunciou a criação de um projeto que une tecnologia e inovação em defesa das espécies e subespécies de rinocerontes na região.
Radioatividade em defesa dos rinocerontes
Intitulado Projeto Rhisotope, a tecnologia prevê a aplicação de isótopos radioativos de baixa intensidade, facilitando o processo de detecção por agentes alfandegários, responsáveis pelo trabalho de proteção e combate ao comércio ilegal de chifres.
A técnica de incorporação de átomos, submetida a uma série de testes preventivos, não representa qualquer impacto à integridade física dos animais.
O projeto envolveu pesquisadores da Universidade Wits em colaboração com a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).
A expectativa é que a utilização da tecnologia nuclear aumente consideravelmente as possibilidades de identificação e rastreamento de caçadores ilegais e eventuais receptadores dos chifres. “Esses radioisótopos podem ser detectados por equipamentos de detecção de radiação nas fronteiras de países ao redor do mundo, permitindo a interceptação eficaz de chifres traficados”, destaca texto divulgado no site da universidade.
Em meios aos esforços e ações em defesa da espécie nos últimos 10 anos, a IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza, em português) classifica como “Quase Ameaçada” as subespécies Rinoceronte-Branco ( Ceratotherium simum) e “Criticamente Ameaçada” de Rinoceronte-Negro ( Diceros bicornis).
O professor da Universidade Wits e diretor do Projeto Rhisotope, James Larkin, celebrou o desenvolvimento do projeto que contribuirá substancialmente para a preservação da espécie. “Demonstramos, além de qualquer dúvida científica, que o processo é completamente seguro para o animal e eficaz em tornar o chifre detectável pelos sistemas de segurança nuclear alfandegários internacionais”.