Alfredo Gaspar: “Brasil não aguenta mais CPI que termina em pizza”

O deputado Alfredo Gaspar (União-AL), escolhido relator da CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) do INSS, afirmou à CNN, nesta quarta-feira (20), que “o Brasil não aguenta mais CPI ou CPMI que termina em pizza” e defendeu que os trabalhos do colegiado sejam conduzidos com base na verdade dos fatos.

AGaspar foi escolhido relator após a eleição do senador Carlos Viana (Podemos-MG) para a presidência da comissão, em uma articulação que derrotou as indicações feitas pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), e pelo presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB). O acordo inicial previa o deputado Ricardo Ayres (Republicanos-TO) como relator.

Segundo Gaspar, a indicação partiu do presidente do União Brasil, Antônio Rueda, e dos líderes Pedro Lucas Fernandes (União-MA) e Sóstenes Cavalcante (PL-RJ). Ele disse ter sido informado sobre a possibilidade de assumir o cargo apenas no dia da votação.

“Minha vida toda como promotor de Justiça, combati o crime, e não vai ser uma CPMI que me desviará do foco principal, que é a busca dos culpados, o fechamento das brechas legais para que crimes como esse voltem a acontecer e essa responsabilização que o Brasil espera”, afirmou.

Gaspar também declarou que pretende ouvir autoridades ligadas ao tema, incluindo o ministro da Previdência, Carlos Lupi.

“Antes mesmo de ser indicado como relator, já havia solicitado sua oitiva. Agora, como relator, vou insistir nisso”, disse.

Sobre os próximos passos, o deputado afirmou que discutirá com o presidente da CPMI o cronograma de trabalho e reforçou que a investigação buscará não apenas os responsáveis pelos desvios, mas também os beneficiários do esquema. “Não vamos poupar ninguém”, garantiu.

CPMI do INSS

Instalada nesta quarta-feira, a CPMI terá 180 dias para investigar fraudes bilionárias em benefícios de aposentados e pensionistas. A comissão é composta por 16 deputados e 16 senadores titulares, além de igual número de suplentes.

O pedido de criação foi apresentado pela senadora Damares Alves (Republicanos-DF) e pela deputada Coronel Fernanda (PL-MT), com apoio de 223 deputados e 36 senadores. A justificativa se baseia em investigações da Polícia Federal e da Controladoria-Geral da União (CGU), divulgadas em abril.

As apurações apontam um esquema de cobrança de mensalidades irregulares descontadas dos benefícios sem autorização dos titulares. O prejuízo estimado é de R$ 6,3 bilhões entre 2019 e 2024.

*Publicado por João Scavacin, da CNN

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