Esqueça o que Donald Trump desafiou até aqui. Como enfrentar seu adversário mais poderoso, a China, chutando a canela dos amigos, que ele passou a tratar pior do que os inimigos?
Ele conseguiu aprovar um dos maiores pacotes fiscais da história dos Estados Unidos, que prevê cortes monumentais em programas sociais, enquanto promove cortes monumentais em impostos — sobretudo de empresas. O que se prevê também é um aumento monumental da dívida americana, que já é bem preocupante.
Trump diz que sua política de taxar importações vai compensar o que o fisco americano vai deixar de arrecadar. E que menos impostos farão o país crescer mais, aliviando a dívida.
O descrédito geral em relação ao pacote fiscal levou à queda do dólar no mundo inteiro e à diminuição do apetite de investidores em comprar papéis de dívida americana.
No cenário externo, Trump ajudou a destruir a ordem internacional até aqui mantida pelos Estados Unidos, aguardando possíveis vantagens que até agora não se realizaram.
Ele está conseguindo fazer com que até amigos muito tradicionais se juntem para enfrentar Washington. Mas isso nem se compara à situação interna que seu pacote fiscal está preparando. Os cortes em programas sociais vão afetar diretamente um eleitorado que votou nele — ou seja, vai pagar um preço alto nas urnas.
Trump anunciou também, nesse pacote fiscal, mais gastos no setor de defesa. Mas, com o aumento do endividamento, pela primeira vez na sua história os Estados Unidos vão gastar mais servindo a dívida pública do que com armamentos. É quando uma superpotência perde essa condição, dizem os historiadores.