Se por um lado a revista The Economist diz que Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não deveria concorrer à reeleição em 2026, o jornal britânico Financial Times entende que o atual chefe do Executivo é o favorito a ganhar a disputa presidencial.
A previsão apareceu na lista do Financial Times, divulgada na véspera de ano novo, na qual faz 20 apostas políticas para o ano seguinte.
“Salvo se ocorrer um problema de saúde de última hora, Luiz Inácio Lula da Silva é o favorito para vencer a eleição de outubro, mesmo aos 80 anos”, diz o jornal nesta quarta-feira (31).
O Financial Times também cita a tensão entre Lula e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, durante 2025. “[Com] Um formidável cabo eleitoral, o esquerdista se beneficiará de uma economia robusta e de ter resistido às investidas de [Donald] Trump”, completa.
Neste ano, a equipe do presidente negociou com Trump sobre as tarifas em produtos brasileiros, enfrentou pressão sobre o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e teve o juiz Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), sancionado pela Lei Magnitsky, usada contra indivíduos acusados de violar os direitos humanos, desde julho.
A previsão do Financial Times vai de encontro à última pesquisa divulgada da Genial/Quaest: o levantamento apontou que Lula derrotaria o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e os governadores do Paraná, Ratinho Junior (PSD), e de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), nos dois turnos da eleição presidencial de 2026.
Por outro lado, a The Economist apontou em editorial da terça-feira (30) que Lula não deveria concorrer à reeleição em 2026. Para a revista, é um risco para os brasileiros colocar “alguém tão idoso servindo mais quatro anos no cargo máximo”.
Gleisi Hoffmann, deputada federal e ministra-chefe da Secretaria de Relações Institucionais, rebateu a The Economist e disse que “o verdadeiro risco que a reeleição do presidente Lula representa para a The Economist nunca foi a idade”.
“A revista do sistema financeiro global, dos que fazem fortunas sem produzir nada, prefere que o Brasil volte a ser submetido aos mandamentos do ‘mercado’, abandonando as políticas públicas voltadas para o povo, o crescimento do emprego, dos salários e da renda das famílias”, afirmou no X, antigo Twitter.
A taxa de desemprego no Brasil caiu para 5,2% no trimestre encerrado em novembro de 2025, menor taxa de desocupação desde 2012, segundo a Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) Contínua, divulgada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nesta terça-feira (30).
Por outro lado, o Brasil abriu 85,9 mil vagas formais de trabalho em novembro, segundo dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), representando uma queda de 19% em relação a novembro do ano passado, quando foram criados cerca de 106,1 mil empregos com carteira assinada.
Foi o pior resultado para um mês de novembro desde o início do novo Caged, em 2020, quando novas formas de coleta e integração de dados foram incorporadas.
Segundo o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, os resultados sucessivos refletem o impacto da taxa básica de juros elevada, atualmente em 15% ao ano. No acumulado do ano foram criados 1,9 milhão de empregos.
Caso ganhe a reeleição, Lula entrará no seu quarto mandato não consecutivo como presidente do Brasil. O parlamentar foi eleito para o cargo em 2002 e 2006. Após deixar a prisão, em 2019, tornou-se chefe do Executivo pela terceira vez, em 2022.