Alerta de spoiler: o texto a seguir contém spoilers da 1ª temporada de “Pluribus”
O episódio final da primeira temporada de “Pluribus”, de Vince Gilligan (“Breaking Bad”), traz uma cena final impactante que promete uma continuação explosiva e decisiva na relação de Carol Sturka (Rhea Seehorn) com os “outros” — a mente coletiva que define o mote da série.
O episódio “A garota ou o mundo” é marcado pela entrega de uma bomba atômica à Carol. Em entrevista ao The Hollywood Reporter, Gilligan confirmou que a equipe já tem um plano claro para a segunda temporada.
Ao lado dos produtores executivos e roteiristas Gordon Smith e Alison Tatlock, Gilligan ainda disse que a decisão de levar a trama à “opção nuclear” foi pensada para criar suspense máximo. A bomba, acoplada a um helicóptero e entregue a Carol após ela descobrir, em conversa com Zosia (Karolina Wydra), que os “outros” haviam encontrado uma forma de convertê-la por meio de seus óvulos congelados, simboliza uma virada definitiva da personagem — tanto emocional quanto moral.
O desfecho levanta uma ambiguidade central da série: Carol quer salvar o mundo ou apenas a si mesma? Para Smith, naquele momento, a motivação é majoritariamente pessoal, fruto do isolamento, da solidão e da sensação de traição. Tatlock, por outro lado, argumenta que o desejo de salvar o mundo ainda existe, mesmo que misturado a impulsos egoístas — uma discussão que a série propõe sobre os limites entre altruísmo e autopreservação.
Gilligan também adiantou que a segunda temporada (já confirmada) irá aprofundar as consequências do experimento fracassado de Manousos (Carlos-Manuel Vesga) para reverter a união de um indivíduo e investigar a verdadeira origem do sinal que iniciou o processo global de conexão.
Ele deixou claro que o sinal usado por Manousos não é o mesmo — nem tem a mesma potência — daquele responsável pela mente-colmeia, abrindo espaço para novas revelações.
Apesar de algumas respostas, o público terá de esperar para entender o desenrolar dos acontecimentos. Com ritmo meticuloso de produção, a equipe de “Pluribus” não estabeleceu previsão para a estreia da segunda temporada. “Trabalhamos no nosso próprio ritmo”, disse Gilligan.
Consequência emocional extrema
Em entrevista à “Vulture”, Gilligan ainda revelou que a relação amorosa entre Carol e Zosia, que ganha força no final da temporada, também foi pensada como consequência emocional extrema do isolamento imposto pelos “outros”. Ele descreve esse arco como uma jornada quase bíblica: após um período de “40 dias no deserto”, a personagem se quebra e faz escolhas que a afastam de sua missão original.
Tudo isso culmina no final explosivo da temporada, que não se trata de um artifício, mas de uma extensão natural da personalidade da protagonista. “Ela é uma personagem que gosta de gestos ousados”, comentou.
“Pluribus”, disponível na Apple TV+, não quer oferecer respostas fáceis, nem conduzir o espectador pela mão. Quer provocar perguntas — mesmo que isso signifique, às vezes, deixar uma bomba armada no centro da narrativa e confiar que o público aceitará a espera pelo impacto.
Você gostou desse final de temporada, Carol?