O fim de ano de 2025 tem sido marcado pela escalada da tensão entre Estados Unidos e Venezuela, que, até este domingo (21), resultou na interceptação de três navios petroleiros em águas internacionais perto da Venezuela. O país sul-americano detém as maiores reservas da commodity no mundo e faz parte da Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo).
A escalada dos atritos entre Washington e Caracas também reflete no preço do petróleo, que subiam nos contratos futuros durante as primeiras horas de negociação desta segunda-feira (22).
Na sexta-feira (19), após Donald Trump endurecer o discurso e não descartar um conflito com os venezuelanos, os preços de contratos futuros do óleo fecharam em alta pela terceira sessão seguida.
Apesar das tensões, os desdobramentos da crise não têm sido claramente precificados, e o petróleo acumulou queda de mais de 1% na semana passada, em ambos os tipos.
Além do temor de conflito na costa do Caribe, outra guerra, na Ucrânia, também mexe com os humores dos mercados.
A Ritterbusch observa uma potencial de perda de fornecimento venezuelano como modesta, especialmente em comparação com os possíveis ajustes na futura oferta global de petróleo bruto, se um acordo entre Ucrânia e Rússia for alcançado.
Contudo, a empresa considera provável que a guerra se estenda ao longo de 2026.
Olhando para o futuro, a oferta abundante permanecerá como o fator dominante nos mercados de energia no ano que vem, alerta a Capital Economics.
Mudança no cenário do petróleo
Mudanças no cenário do mercado, no entanto, podem ajudar a controlar mudanças muito bruscas no preço, dizem especialistas. Também há questão do timing: a escalada entre a Casa Branca e o Palácio Miraflores ocorre em um período com os preços nas mínimas desde 2021.
Rafael Furlanetti, presidente da Ancord (Associação Nacional das Corretoras e Distribuidoras de Títulos e Valores Mobiliários, Câmbio e Mercadorias), afirmou em entrevista ao CNN Money que as movimentações incertas das últimas semanas são características de um novo cenário do petróleo, fruto de mudanças significativas na oferta e na demanda da commodity.
A Opep, cartel que já foi responsável por cerca de metade da produção mundial de petróleo, passou a responder por uma fatia menor, atualmente em torno de 25%.
“A oferta mudou, a Opep não manda mais no jogo como mandava antigamente”, afirmou Furlanetti.
O especialista também destacou que essa mudança na configuração do mercado é resultado do surgimento de novos produtores, como a Guiana, da transição energética global, do aumento da produção por outras nações, como os Estados Unidos, e também da redução intencional da oferta por parte do próprio cartel, em uma tentativa de estabilizar os preços.
Assim, mesmo sendo uma grande produtora de petróleo — tendo ultrapassado a marca de 900 mil barris por dia no início deste mês -, outros fatores têm exercido maior influência sobre o valor da commodity — como na última terça-feira (16), apesar do avanço da crise entre Estados Unidos e Venezuela, o excesso de oferta e o progresso nas negociações de paz entre Rússia e Ucrânia levaram o petróleo a fechar o dia no menor patamar em quase cinco anos.