Analistas criticam programa de renovação de frota do Governo Federal

Imagem de Ricardo Stuckert / Montagem

Analistas consultados pelo Jornal O Globo estão criticando o programa de renovação de frota anunciado nas duas últimas semanas pelo Governo Federal. O programa, que já está em vigor e segue até junho de 2026, tem à disposição R$ 10 bilhões, sendo R$ 6 bilhões do Governo Federal, com juros mais baixos, e R$ 4 bilhões do BNDES, que será ofertado com taxas do mercado.

Todo esse montante permitirá a compra de caminhões novos e seminovos, fabricados a partir de 2012, com possibilidade de entrega de um caminhão antigo para sucateamento.

A críticas ao programa se dão por conta da época para o lançamento, véspera de ano eleitoral, e também por conta das dificuldades já enfrentadas pelo Governo para fechar as contas.

Outros analistas comparam o programa com outro que o Brasil já teve, entre 2009 e 2016, chamado de Pró-Caminhoneiro, que aumentou significativamente as vendas de caminhões no país, e, após a grave recessão entre 2014 e 2016, fez sobrarem caminhões no mercado, causando uma drástica redução nos valores de frete, que por sua vez culminaram na greve de 2018.

Além disso, o valor destinado para pequenos transportadores, como caminhoneiros autônomos e cooperativas de transporte, é baixo, apenas 10% do valor total do programa, o que deve concentrar recursos na mão de grandes transportadoras.

Em um momento de aperto nas contas do governo, outros analistas dizem que os valores poderiam ser aplicados em outras áreas, consideradas prioritárias, como saúde, que está em situação complicada em todo o país.

“Os riscos decorrentes desta política se espelham naquilo que já observamos no passado. A maior oferta de veículos pesados decorrente da maior oferta de crédito pode não ser acompanhada pela demanda, o que comprometeria preços dos fretes e causaria prejuízos aos próprios caminhoneiros, em especial os autônomos, que têm mais limitações de crédito”, destaca Milad Kalume, especialista no setor automotivo da consultoria K. Lume.

O Brasil tem uma frota envelhecida, com idade média de 14,1 anos, de acordo com dados do RNTRC, e precisa de um programa de renovação de frota, organizado de forma estrutural, para substituir veículos que chegam aos 60 anos de idade, especialmente nas mãos dos caminhoneiros autônomos.

Qual a sua opinião sobre esse assunto? Deixe um comentário abaixo.

VER NA FONTE