Negócios de mídia social de Trump se unem à empresa de fusão nuclear

A Trump Media & Technology Group, empresa controladora da Truth Social, anunciou nesta quinta-feira (18) um acordo para se unir à empresa de fusão nuclear TAE Technologies.

A junção inesperada impulsionou as ações da Trump Media em 28% antes da abertura do mercado.

As empresas afirmaram que a transação, totalmente em ações, está avaliada em mais de US$ 6 bilhões e criará uma das primeiras empresas de fusão nuclear com ações negociadas em bolsa.

Após a conclusão do negócio, os acionistas da Trump Media e da TAE deterão cerca de 50% da empresa combinada.

A notícia surge em um momento em que o preço das ações da Trump Media despencou este ano. A Truth Social tem lutado para ganhar força, permanecendo uma concorrente inferior às plataformas de rede social rivais.

A Trump Media anunciou esforços para diversificar os negócios em inteligência artificial, criptomoedas e gestão de ativos.

 

 

A promessa de uma nova fonte de energia

A fusão nuclear há muito tempo representa a promessa de uma fonte de energia limpa, segura e barata.

Envolve a fusão de átomos para criar uma explosão de energia excepcionalmente poderosa, alcançada usando o elemento mais abundante do universo: o hidrogênio.

Essa energia futurista é vista como uma espécie de “cálice sagrado” da energia limpa, pois é quase ilimitada, não produz poluição que aquece o planeta e, ao contrário da fissão nuclear — a tecnologia nuclear atual do mundo —, não deixa um legado de resíduos nucleares a longo prazo.

Países e empresas privadas, como a TAE Technologies, estão em uma corrida para dominar a fusão nuclear, mas existem enormes desafios para provar que o processo funciona e levá-lo do laboratório para o uso comercial. Esses são empreendimentos muito caros que dependem de financiamento até que possam comprovar o sucesso da fusão — o que provavelmente ainda levará anos, ou mesmo décadas.

As empresas de fusão nuclear arrecadaram mais de US$ 2,6 bilhões nos primeiros sete meses deste ano, segundo a Associação da Indústria de Fusão, com apoio de uma ampla gama de investidores. No entanto, esse valor ainda está muito aquém do necessário para que as empresas coloquem as primeiras usinas-piloto em operação.

Embora os pesquisadores tenham feito avanços em laboratório, a fusão nuclear ainda não forneceu energia em escala comercial.

Mas a TAE afirma estar preparada para fazer exatamente isso, com planos para iniciar a construção da primeira usina de fusão nuclear em escala comercial em 2026, em um local a ser definido ainda.

Uma “corrida armamentista” com a China

“A TAE tem mais de 25 anos de pesquisa e desenvolvimento em laboratório e construiu e operou com segurança cinco reatores de fusão, comprovando, ao longo dos anos, grandes avanços em energia e fusão, o que, em nossa opinião, coloca a TAE no topo do cenário global de fusão”, declarou Dan Ives, analista de tecnologia da Wedbush Securities, em um comunicado nesta quinta-feira (18).

“A TAE também terá, claramente, um grande apoio político do presidente Donald Trump, em nossa opinião, e isso criará uma grande aposta na energia nuclear de fusão nos EUA nos próximos anos”, escreveu ele.

A energia nuclear vem chamando atenção nos últimos anos, à medida que a inteligência artificial cria uma enorme demanda por energia elétrica para alimentar computadores em data centers. A fusão ou outras fontes de energia poderiam ajudar a resolver os problemas de fornecimento de energia elétrica dos Estados Unidos.

“É uma corrida armamentista com a China”, disse Ives à CNN. “Os EUA enfrentam grandes problemas/escassez de energia para impulsionar a expansão transformadora dos data centers de IA na próxima década. Embora os EUA estejam à frente da China em termos de tecnologia de IA, a China lidera claramente no setor energético, com um excedente significativo. Se existe uma resposta dos EUA para a fusão nuclear, é a TAE. O principal fator que falta é capital”.

A aquisição da TAE pela empresa de Trump pode conferir a ele influência política. No entanto, também pode tornar mais controversa a obtenção de qualquer tipo de apoio do governo federal, como subsídios, empréstimos a juros baixos ou aprovações de licenças.

Embora o Trump Media and Technology Group não esteja gerando lucros, possui ativos significativos, especialmente provenientes de investimentos em criptomoedas. O balanço patrimonial mostra US$ 1,5 bilhão em ativos digitais e mais US$ 550 milhões em outros investimentos de curto prazo.

Mas esse valor é pequeno se comparado ao caixa de diversas outras grandes empresas de tecnologia. Por exemplo, a Alphabet, proprietária do Google, possui US$ 95,7 bilhões em caixa, equivalentes de caixa e títulos negociáveis ​​no balanço patrimonial.

A Alphabet já é uma das investidoras da TAE, de acordo com dados compilados pela FactSet, juntamente com a Chevron, Charles Schwab, o governo do Kuwait e o cofundador da Microsoft, Paul Allen, que morreu em 2018, além de diversas empresas de capital de risco. Michael B. Schwab, fundador e diretor administrativo de uma dessas empresas de capital de risco, a Big Sky Partners, deverá ser nomeado presidente do conselho da empresa resultante da fusão entre a TMTG e a TAE.

Devin Nunes, CEO do Truth Media & Technology Group, atuará como co-CEO da empresa resultante da fusão, juntamente com Michl Binderbauer, CEO da TAE. Nunes e Donald Trump Jr. serão dois representantes do TMTG a integrar o conselho administrativo da empresa combinada, composto por nove membros.

“A energia de fusão será o avanço energético mais impactante desde o início da energia nuclear comercial na década de 1950 — uma inovação que reduzirá os preços da energia, aumentará a oferta, garantirá a supremacia americana em inteligência artificial, revitalizará a base industrial e fortalecerá a defesa nacional”, declarou ele à Fox Business nesta quinta (18). “O TMTG traz o capital e o acesso ao mercado de ações necessários para levar rapidamente a tecnologia comprovada da TAE à viabilidade comercial”.

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