A Primeira Turma do STF (Supremo Tribunal Federal) começa a julgar nesta terça-feira (9) o último núcleo das ações penais sobre a tentativa de golpe de Estado. O chamado “núcleo 2”, segundo a PGR (Procuradoria-Geral da República), reúne os responsáveis pelo gerenciamento das ações da organização criminosa.
De acordo com a acusação, os integrantes teriam ajudado a elaborar a “minuta do golpe”, planejado o assassinato de autoridades e utilizado a estrutura da PRF (Polícia Rodoviária Federal), no segundo turno de 2022, para dificultar o deslocamento de eleitores favoráveis a Luiz Inácio Lula da Silva (PT) até os locais de votação.
O grupo é composto por seis réus, sendo a maioria ex-assessores de Bolsonaro e servidores do Ministério da Justiça. Veja abaixo quem são e de que são acusados cada um dos réus:
Fernando Oliveira
Foi diretor de Operações do Ministério da Justiça e, no cargo, encomendou um projeto de Business Intelligence (BI) para mapear regiões onde Lula teve mais votos no primeiro turno, material que teria servido para orientar blitze no segundo turno e dificultar o deslocamento de eleitores contrários a Bolsonaro.
Após a derrota do ex-presidente, foi indicado por Anderson Torres para a Secretaria-Executiva da Segurança Pública do DF e acabou acusado de omissão nos atos de 8 de janeiro.
Filipe Martins
Ex-assessor de Assuntos Internacionais da Presidência, Martins teria apresentado a Bolsonaro a minuta de decreto que instauraria medidas excepcionais para mantê-lo no poder. Também teria ajustado o texto a pedido do ex-presidente, incluindo um pedido de prisão de Alexandre de Moraes, e participado de reuniões com comandantes das Forças para tentar convencê-los do golpe.
Marcelo Câmara
Ex-assessor de Bolsonaro, Câmara teria coordenado as ações de monitoramento e assassinato de autoridades públicas, principalmente do ministro Alexandre de Moraes. Segundo a acusação, ele também teria sido responsável por atuar na coleta de dados e de informações sensíveis para subsidiar as ações mais violentas do grupo.
Mario Fernandes
Ex-secretário-executivo da Secretaria-Geral da Presidência, Fernandes é acusado de coordenar as ações mais violentas da organização criminosa. Em interrogatório, ele admitiu ter elaborado o Plano Punhal Verde e Amarelo, que previa o assassinato de Lula, Alckmin e Moraes. Segundo a acusação, também atuou como interlocutor dos bolsonaristas acampados que pediam intervenção militar.
Marília Ferreira de Alencar
Ex-diretora de Inteligência do Ministério da Justiça, Marília teria solicitado o projeto de BI para mapear regiões onde Lula venceu no primeiro turno, visando orientar blitze da PRF no segundo turno e dificultar o deslocamento de eleitores contrários a Bolsonaro. Em janeiro de 2023, assumiu a Subsecretaria de Inteligência da Segurança Pública do DF, indicada por Anderson Torres. Segundo a acusação, estava ciente da escalada de violência e dos riscos do 8 de janeiro e foi omissa.
Silvinei Vasques
Ex-diretor-geral da PRF, Silvinei teria coordenado o emprego das forças policiais para dificultar que eleitores considerados desfavoráveis a Bolsonaro chegassem a seus locais de votação no dia do segundo turno das eleições de 2022. Depoimentos de testemunhas relatam que o ex-diretor teria dito que “era hora de a PRF tomar um lado”.