Nova estratégia de Trump defende “força letal” dos EUA contra cartéis

O governo dos Estados Unidos publicou nesta sexta-feira (5) a nova estratégia de segurança nacional e política externa, determinando que o país deve reajustar a presença militar na América Latina e no Caribe.

O documento, assinado pelo presidente Donald Trump, afirma que os EUA devem reorganizar a presença militar global para focar em ameaças urgentes no hemisfério ocidental, como cartéis, tráfico humano e de drogas e imigração ilegal.

A estratégia determina que os Estados Unidos façam “destacamentos direcionados para proteger a fronteira e derrotar cartéis, incluindo, quando necessário, o uso de força letal para substituir a estratégia fracassada baseada apenas na aplicação da lei das últimas várias décadas”.

Os EUA também defendem que a Guarda Costeira e a Marinha reforcem sua presença militar para controlar rotas marítimas na região e impedir a imigração ilegal e o tráfico de drogas. A divulgação da nova estratégia acontece em meio ao aumento da pressão militar americana nas águas do Caribe e da tensão entre os EUA e a Venezuela.

O governo americano tem realizado ataques constantes contra supostos barcos do narcotráfico nas águas do Caribe e do Pacífico e acusa o regime venezuelano de estar envolvido com as atividades criminosas. Até agora, os ataque deixaram mais de 83 mortos.

Recentemente, os EUA também declaram o Cartel de los Soles, um suposto grupo criminoso venezuelano, como organização terrorista. Caracas nega a existência do grupo e qualquer participação no narcotráfico.

A estratégia do governo Trump também aborda qual será a política comercial dos EUA para o hemisfério ocidental, dizendo que o país vai continuar usando tarifas e acordos comerciais como ferramentas para atrair comércio e investimentos.

O documento fala, ainda, sobre a dificuldade de reverter “alinhamentos políticos” e “influência estrangeira” sobre países latino-americanos, mas argumenta que isso se deve principalmente a razões comerciais e não necessariamente alinhamento ideológico.

Um exemplo disso, de acordo com a nova estratégia, é a influência da China sobre a região, já que Pequim produz muito mais do que seu mercado interno pode consumir, gerando um grande excedente industrial para mercados emergentes, como a América Latina.

A política de Trump quer que os EUA adotem políticas para conter esse desequilíbrio e criar o que defendem ser um “rebalanceamento” global, abrindo espaço no mercado latino para produtos americanos.

O documento divulgado nesta sexta também afirma que os EUA vão “afirmar e aplicar um ‘Corolário de Trump’ para a Doutrina Monroe”.

A Doutrina Monroe, anunciada pelo presidente americano James Monroe no século 19, ficou famosa pela frase “América para os Americanos”, e defendia o fim da interferência externa no hemisfério ocidental.

No início do século 20, o presidente Theodore Roosevelt aprovou o “Corolário Roosevelt”, uma extensão à doutrina original que defendia que os EUA teriam o direito de intervir na América Latina para supostamente manter a estabilidade da região.

Já o Corolário Trump, segundo a Casa Branca, quer garantir que “o hemisfério ocidental permaneça razoavelmente estável e suficientemente bem governado para prevenir e desencorajar a migração em massa para o Estados Unidos”.

A política externa de Trump também afirma buscar “um hemisfério cujos governos cooperem conosco contra narcoterroristas, cartéis e outras organizações criminosos transnacionais”.

Por fim, o documento cita ainda as preocupações dos EUA em outras partes do mundo: a garantia de navegação em rotas essenciais e a manutenção da cadeia de fornecimento na região do Indo-Pacífico; a liberdade e segurança na Europa; e o domínio de adversários sobre os recursos energéticos e as guerras intermináveis do Oriente Médio.

 

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