A mudança silenciosa nas buscas on-line dos brasileiros

Procurar informações na internet é sinônimo de Google, certo? Esse hábito é tão integrado às nossas rotinas que às vezes fica até difícil lembrar de um momento da vida em que não funcionava dessa maneira. Mas, pelo andar da carruagem, essa supremacia pode estar ameaçada. Parcelas grandes dos usuários de buscas digitais têm direcionado suas perguntas a IAs generativas como o ChatGPT e o Gemini (que, beleza, também é do Google), como mostra uma pesquisa que acaba de ser lançada.

É o levantamento State of Search, atualmente em sua sexta edição, realizado pela consultoria especializada em search marketing Hedgehog Digital. Eles ouviram 4157 pessoas de todas as regiões do país – todas tinham realizado algum tipo de busca online nos doze meses anteriores à entrevista. Perceberam que, dessa galera toda, 81% haviam recorrido a IAs generativas para suas pesquisas.

Veja bem, não estamos dizendo que 81% dos 210 milhões de brasileiros usam IA generativa, ok? Mas, entre os que fazem buscas, a adesão aos chatbots é bem alta, coisa que até então o senso comum meio que já apontava (mas nada como um levantamento feito com método para a gente sentir mais confiança). Detalhe: na pesquisa de 2024, esse número era de 60%. Subiu à beça, portanto.

Outro comportamento curioso é que 80% dos entrevistados relataram que depois de receber a resposta das IAs, vão checar as informações em outra fonte, quase sempre o próprio Google. Quer dizer, a adesão cresceu rápido, mas a confiança ainda não seguiu na mesma toada: 93% dos participantes disseram não confiar completamente nas respostas de IA. Muito bem, continuem assim! Quem me lê aqui com frequência sabe que recomendo SEMPRE ter pé atrás com o conteúdo entregue pelos modelos.

Alguns velhos hábitos continuam sólidos: 95% fizeram buscas no computador no último ano, e 96% no smartphone. Não sei você, leitor/leitora, mas eu sou da geração que só consegue resolver coisa importante num computador. Porém, o mobile segue como o centro gravitacional das pesquisas.

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A digitação ainda é o modo dominante de busca, tanto no desktop quanto no celular, apesar do avanço gradual das buscas por imagem e por voz. Entre os que já experimentaram IAs, a campeã é o ChatGPT, seguida por Gemini, Meta AI e Copilot.

A maior parte das buscas acontece para descobrir ou comparar preços, entender produtos e se informar sobre assuntos diversos. Comprar continua sendo uma consequência direta desse comportamento (não por impulso, mas por investigação). Antes de apertar “finalizar pedido”, o brasileiro vai ao Google, visita vários sites, compara, confere frete, avalia reputação e lê o que outros consumidores dizem. Quando desiste, quase sempre é por frete caro, falta de informação ou site que parece duvidoso.

Mas nem toda busca tem fins comerciais, obviamente. Muita gente procura informações sobre assuntos diversos (78%) e sobre serviços (45%), checa clima e previsão do tempo (33%), tenta entender localização ou onde algo fica (44%), lê avaliações e opiniões de outras pessoas (29% a 52%, dependendo do canal) e busca informações gerais sobre produtos, mesmo sem intenção imediata de compra (59%).

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