“O ônibus brasileiro está entre os melhores do mundo e o País tem de tudo para brilhar no segmento de elétricos”, diz Max Kauffamnn, maior representante do segmento de pesados do Chile


Max Kaufmann ( de paletó) conversa com o repóter Adamo Bazani, no Chile

No “Red”, sistema de transportes de Santiago e região metropolitana, predominância entre elétricos é de modelos da China. Preço é o maior trunfo. Para Kaufmann, governo brasileiro não pode perder a oportunidade de incentivas a industrial local para ser uma das grandes exportadoras de ônibus elétricos do Planeta

ADAMO BAZANI

Saindo do Brasil é que se pode sentir a força e a “agressividade” da China no segmento de ônibus elétricos, fruto de grandes subsídios e incentivos que o governo chinês dá para a sua indústria. Não se trata de crítica ao País oriental, aos produtos e aos fabricantes da China. Pelo contrário, todo este quadro atual que coloca s chineses entre os maiores do setor no mundo se dá por décadas de prioridades eleitas pelo Governo da China.

Se pelas ruas de cidades como São Paulo, há um equilíbrio entre uma das principais marcas chinesas do mundo, a BYD, que se frisa, tem planta no Brasil, e marcas mais tradicionais com produção brasileira, como a Mercedes-Benz e a Eletra, esta a pioneira em ônibus elétricos no Brasil e com origem e capital estritamente nacionais; em diversas partes do mundo, é a China quem dá as caras.

A convite da Mercedes-Benz, o Diário do Transporte esteve no Chile, para viajar pela região das Cordilheiras dos Andes para conhecer de perto o desempenho do ônibus rodoviário a diesel O500 “El Más Potente” que enfrentou facilmente o desafio de uma estrada íngreme e sinuosa até a entrada de uma área de mineração, na El Teniente, que é a maior mina subterrânea de cobre do mundo, localizada no Chile e operada pela estatal Codelco.

O “El Más Potente” é preparado para operações severas e é produzido no Brasil.

Relembre e assista o vídeo dessa viagem impressionante:

https://diariodotransporte.com.br/2025/11/06/novo-video-confira-uma-viagem-no-chile-ate-uma-area-de-mineracao-nas-cordilheiras-dos-andes-a-bordo-de-um-onibus-el-mas-potente/

Na oportunidade foi possível também conhecer um pouco do Red, sistema de transportes de Santiago e região metropolitana. As operações poderiam ser melhores. Sem corredores, os ônibus ficam presos e acabam também contribuindo para piorar o trânsito tumultuado da capital chilena. A má conservação dos ônibus, mesmo os novos, também é outro ponto negativo.

Um dos pontos que mais chamaram a atenção foi a presença massiva das marcas chinesas (não somente marcas, mas com produção na China mesmo) dos ônibus elétricos pelo Red.

Segundo os dados oficiais do governo, o sistema que substitui o antigo Transantiago, conta com mais de 6.500 ônibus, dos quais 2.684 são elétricos.

Com subsídios do governo chinês e com produção em massa, marcas como Youtong, Foton e BYD dominam após oferecerem um preço imbatível.

Veja as imagens, assistindo o vídeo completo em:

https://diariodotransporte.com.br/2025/11/06/video-sistema-red-da-regiao-metropolitana-de-santiago-no-chile-sofre-com-onibus-mal-conservados-e-passageiros-reclamam-dos-servicos/

Ônibus chineses no sistema Red, de Santiafo e regiçao metropolitana, predominam

01E é justamente nos grandes incentivos que o governo chinês dá ao seu parque fabril de ônibus elétricos que está o diferencial de marcas do País terem praticamente tomado o mundo, em especial nas operações da América Latina.

Durante a visita, o Diário do Transporte conversou com o gerente da divisão de ônibus e vans do grupo, Max Kaufmann, da Kaufmann, a maior representante da marca Mercedes-Benz no Chile e uma das maiores em toda a América Latina, com empresas e filiais em países como como Peru, Nicarágua, Costa Rica, Panamá e Colômbia.

A Kaufmann trabalha com ônibus fabricados em diversos países, mas a predominância é brasileira. Como representante da Mercedes-Benz, recebe a maioria dos chassis feitos em São Bernardo do Campo (SP). As encarroçadoras são de diversas origens, como a Busstar, da Colômbia (dissidência da Busscar brasileira), mas predominam também os modelos do Brasil, como da Marcopolo, da espanhola Irizar (mas com produção em Botucatu-SP), da Comil e muitos micro-ônibus da BepoBus. Há também uma forte representação entre os ônibus pequenos modelo Rosa da Fuso, marca de caminhões e ônibus fruto da fusão da Daimler Truck (que engloba a Mercedes-Benz) e da Hino da Toyot, que criaram uma nova holding, conforme anunciado em junho de 2025.

Profundo conhecedor de ônibus de diversas partes do mundo e acompanhando o trabalho de seu avô, Walter Kaufmann, que fundou a Kaufmann em 1952, Max, sem a necessidade de ser um bom anfitrião ou dourar a pílula, cravou:

“Sei da nossa experiência. Temos contato com diversos países, analisamos produtos e mercados e posso dizer com toda segurança: o ônibus brasileiro está entre os melhores do mundo”, disse Max Kaufmann ao jornalista Adamo Bazani, do Diário do Transporte que esteve no Centro Logístico da Kaufamann, uma imensa área que abrigava mais de 8,5 mil veículos, entre ônibus, caminhões, maquinários pesados, carros e picapes, no dia da visita.

“Os ônibus brasileiros são flexíveis, podem receber diferentes adaptações para as mais variadas operações num mesmo modelo e conseguem ser forte, aliando robustez, mas oferecendo conforto e bom acabamento”

Relembre aqui:

https://diariodotransporte.com.br/2025/11/06/centro-logistico-kaufmann-representante-mercedes-benz-no-chile-chega-a-85-mil-veiculos-no-inventario-atual/

Tomando muito cuidado para que sua posição não pareça uma crítica a marcas e a produtos em si, Max disse que a presença dos modelos de ônibus elétricos produzidos na China e que rodam no Chile se deve, em especial aos preços, que tendem a ser muito menores que os coletivos produzidos em outras partes do mundo.

Há duas realidades no Chile que deixam o preço com um peso maior para a compra em massa dos ônibus elétricos chineses: No Chile, não há uma indústria automotiva local (seja de veículos a combustão ou elétricos) com o governo local firmando acordos e parcerias com outros países; e as aquisições do Red, apesar das operações serem por empresas privadas, se dão por licitações no âmbito do Ministério dos Transportes e, nestas concorrências, o preço é o principal critério.

Max diz conhecer os ônibus elétricos do Brasil muito bem, inclusive o “puro” Mercedes-Benz eO500 U (padron e piso baixo), que foi demonstrado no Chile e trouxe impressões positivas aos operadores. No Brasil, além do eO500 U, a Mercedes-Benz atua com a Eletra no segmento de padrons de 12m a 13,5m e em outros considerados relevantes, como escolares, midis (base do OF1721L, piso alto) e o superaticulado de 21,5 m a 23m (base do O500 UDA).

O representante da Mercedes-Benz disse que acredita que o ônibus elétrico tende a ser um dos grandes trunfos do Brasil na América Latina e, a despeito de problemas ainda relacionados a falta de infraestrutura de recarga e distribuição de energia, em especial nas cidades mais afastadas de Santiago, vê potencial dos modelos brasileiros no Chile.

Para Max Kaufmann, o governo brasileiro não pode perder a oportunidade de incentivas a industrial local para ser uma das grandes exportadoras de ônibus elétricos do Planeta.

Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes

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