As Páginas Amarelas de VEJA são a mais prestigiada seção de entrevistas da imprensa brasileira. Na redação da revista, o espaço é carinhosamente tratado apenas como Amarelas. Desde junho de 1969, com a publicação da conversa inaugural, um pingue-pongue com o dramaturgo e cronista Nelson Rodrigues, ouvido por Luiz Fernando Mercadante, abriu-se a passarela pela qual caminharam personagens da história do Brasil e do mundo, mulheres e homens, entre líderes políticos, empresários, escritores, pintores, cientistas, economistas, poetas — quem quer que tivesse algo relevante a dizer aos leitores de VEJA.
+ Sam Altman, CEO da OpenAI: “Ainda estamos nos estágios iniciais da revolução”

O personagem desta edição é o empreendedor, investidor e executivo de tecnologia americano Sam Altman, CEO da OpenAI — empresa no centro de uma revolução, a inteligência artificial (IA) ao alcance de qualquer cidadão, a um toque no smartphone. Altman é um dos mentores do ChatGPT, o sistema que praticamente virou sinônimo de IA, em uma avalanche deflagrada em 2022 e que não para de crescer, alimentando a economia global e produzindo, por óbvio, mercuriais discussões éticas em torno do uso de informações que ajudam a encorpar os robôs na palma da mão. As Amarelas com Altman são resultado da persistência do editor Alessandro Giannini. Em junho, ao saber que a OpenAI abriria um escritório de representação em São Paulo, Giannini começou a trocar mensagens com profissionais de comunicação da companhia. O prêmio — o aviso de que Altman concederia o primeiro grande depoimento a um órgão de imprensa do Brasil — veio na semana passada. Por vídeo, de São Francisco, onde mora com o marido, o engenheiro Oliver Mulherin, o pai do ChatGPT não se furtou a nenhuma pergunta. “É um sujeito educado, claro e objetivo, com humor sutil”, diz Giannini. “Não parece ter a arrogância dos velhos capitães da indústria.”

As Amarelas com Altman, enfim, seguem uma longa tradição de VEJA, a locomotiva que não perde tração, em nome da informação correta, no avesso das invencionices. Em setembro, o diretor americano Paul Thomas Anderson, do favorito ao Oscar Uma Batalha Atrás da Outra, falou com a editora Raquel Carneiro. Em outubro, a repórter Amanda Capuano colheu verdades e sorrisos do escritor Dan Brown, do best-seller O Código Da Vinci. Na semana passada, o destaque foi o Nobel de Economia Joseph Stiglitz, ouvido pelo repórter Pedro Gil. São figuras que honram as já míticas três páginas iniciais de VEJA, que ganharam o tom peculiar depois de uma curiosa circunstância. Em uma reunião rotineira, lá nos primórdios, deu-se a ideia de destacar o caderno de abertura com uma cor distinta. Havia, na gráfica, um estoque de papel amarelo, e brotou ali a coloração eternizada. Como informa um livro de coletâneas editado em 2017 com cinquenta das mais aplaudidas entrevistas até aquele momento, a história é amarela — e seguirá sendo.
Publicado em VEJA de 7 de novembro de 2025, edição nº 2969