
O Google anunciou planos para instalar computadores usados no funcionamento da inteligência artificial (IA) em satélites no espaço. A ideia é começar os primeiros testes em órbita em 2027, como forma de reduzir o consumo de energia na Terra e atender à crescente demanda por sistemas de IA. O estudo foi divulgado pela empresa nesta terça-feira, 4.
Esses computadores — hoje instalados em grandes estruturas conhecidas como centros de processamento de dados, que guardam e tratam informações — consomem grandes quantidades de energia e água para se manterem ativos e refrigerados. Com o avanço da IA, companhias de tecnologia vêm discutindo alternativas para tornar esse processo menos dependente de recursos naturais. O Google afirma que, no futuro, o espaço pode ser o local ideal para sustentar esse volume de processamento.
Por que levar computadores de IA para o espaço?
A proposta do Google é lançar constelações com cerca de 80 satélites posicionados a aproximadamente 400 quilômetros de altitude, equipados com painéis solares e processadores capazes de executar tarefas de IA. No espaço, a captação de energia solar pode ser até oito vezes maior do que na superfície terrestre, o que reduziria a dependência de eletricidade e de sistemas de refrigeração.
Além disso, o uso de satélites diminuiria o impacto sobre terra e água — hoje necessários para manter estruturas físicas que armazenam e processam dados. A empresa afirma que o custo de lançar equipamentos ao espaço está caindo, e que, por volta da metade da década de 2030, a manutenção de computadores em órbita pode custar valor semelhante ao de unidades instaladas na Terra.
No entanto, há pontos de atenção. O lançamento de foguetes libera grande quantidade de dióxido de carbono na atmosfera, e o aumento de satélites em órbita tem gerado críticas de astrônomos, que relatam dificuldade para observar o céu devido ao excesso de objetos refletindo luz.
Como funcionaria esse sistema?
O projeto, chamado de Suncatcher pelo Google, prevê que os satélites enviados ao espaço se comuniquem entre si e com a Terra por meio de feixes de luz — uma transmissão sem cabos que envia dados usando sinais ópticos. Segundo a empresa, a estrutura permitiria enviar os resultados do processamento de IA de volta aos usuários no planeta.
O plano ocorre em meio ao avanço global de sistemas de IA, com grandes empresas de tecnologia previstas para investir cerca de US$ 3 trilhões (aproximadamente R$ 17 trilhões) em estruturas terrestres para processamento de dados nos próximos anos, segundo projeções citadas pelo Google.
Por enquanto, o Google planeja lançar apenas dois satélites de teste até o início de 2027. A empresa afirmou que o resultado é apenas o primeiro passo para tornar o processamento de IA no espaço uma tecnologia viável — e reconhece que ainda há desafios significativos, como garantir a estabilidade dos equipamentos em órbita, controlar o aquecimento e estabelecer canais de comunicação de alta capacidade com o solo.