Tudo que você precisa saber sobre o robô que lava, dobra e passa roupas

Em junho deste ano, contei aqui na coluna que 2026 será o início da era da IA física. A previsão não é minha, mas de grandes players da indústria, como Sam Altman (OpenAI) e Jensen Huang (Nvidia). Uma novidade que está a caminho parece indicar que a previsão está certa: é o NEO, da empresa 1x Robotics, que acaba de entrar em pré-venda e promete se tornar o primeiro robô humanoide a fazer tarefas domésticas no lugar dos humanos.

Desde que soube disso, pensei no quanto seria estranho ter um desses em casa. Imagina levantar pra beber água e dar de cara com um robô de 1,68 metro de altura no corredor? Claro, a gente se acostuma, e talvez chegue o dia em que eu me lembre deste texto e dê risada da minha hesitação. Ou não. Veremos. O que você acha da ideia? Deixo o convite à reflexão.

Como esse é o tipo de inovação que traz um montão de dúvidas, decidi listar todas as que me ocorreram e montar uma espécie de FAQ (Frequentlty Asked Questions) sobre o robozinho.

O que é o NEO?
É um robô humanoide doméstico criado pela 1X Robotics, empresa que já desenvolvia robôs de segurança e logística. O NEO é a primeira tentativa da companhia de levar um robô com corpo e mãos humanas para dentro das casas, com o objetivo de realizar tarefas do cotidiano.

O que ele faz?
Segundo a fabricante, o NEO é capaz de dobrar roupas, organizar objetos, abrir portas, apagar luzes e buscar itens sob comando. Tipo, se der preguiça de buscar uma coisa na cozinha, sabe? Ele se move de forma autônoma, com sensores e câmeras que evitam colisões e reconhecem o ambiente. Por enquanto, ele não cozinha nem lida com líquidos ou superfícies quentes — e também não pode ser usado em áreas externas.

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Existe risco de o robô estragar minhas roupas ou quebrar coisas em casa?
Sim. Embora o NEO tenha sido projetado com muitos mecanismos de segurança (corpo macio, movimentos suaves, restrições de tarefa), ele ainda está em versão inicial, e tarefas domésticas envolvem variáveis complexas (tecidos diferentes, objetos frágeis, ambiente doméstico cheio de imprevistos). A própria empresa alerta que o usuário deve manter supervisão durante o uso. Ou seja, minha gente, você compra o robô pensando em ter MENOS trabalho e precisa virar babá dele.

Quanto custa?
O preço para compra antecipada é de US$ 20 000 (cerca de R$ 110 000). Há também um modelo de assinatura por US$ 499 por mês, que dá acesso ao robô sem compra definitiva. A pré-venda está aberta nos Estados Unidos e a entrega deve começar em 2026.

Onde é vendido?
A venda é feita apenas no site da 1X Technologies (1x.tech). Por enquanto, o robô será entregue apenas em alguns países da América do Norte e Europa. A empresa indica que pretende expandir o atendimento para outras regiões — como América Latina — a partir de 2027.

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Mas daria para um brasileiro comprar no exterior e trazer para o Brasil?
Em tese, sim, mas o custo seria proibitivo. O preço base de US$ 20 000 subiria  alguns milhares de dólares depois de somados impostos, taxas e transporte. Além disso, o NEO pesa cerca de 30 kg, tem uma bateria grande que complica o embarque aéreo. Talvez fosse preciso contratar uma empresa de logística para envio marítimo, por exemplo. Para complicar ainda mais, como a empresa 1X não atua no Brasil, o produto não contaria com suporte técnico nem garantia.

O robô está em pré-venda para consumidores dos Estados Unidos e de parte da Europa. Previsão de chegada ao Brasil é para 2027
O robô está em pré-venda para consumidores dos Estados Unidos e de parte da Europa. Previsão de chegada ao Brasil é para 2027 (Divulgação/Divulgação)

Como o robô funciona?
O NEO usa motores por tendões (tendon drive), inspirados na estrutura humana, o que torna seus movimentos mais suaves e naturais. As mãos do robô conseguem realizar gestos finos, como pegar uma caneca ou dobrar tecido. A autonomia da bateria é de cerca de quatro horas, e o robô se reconecta sozinho à base de carregamento. Para tarefas complexas, há um modo de tele-operação, em que um operador humano o controla remotamente — o que também serve como forma de aprendizado. Eu, particularmente, acho isso muito desconfortável.

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Ele é realmente autônomo?
Parcialmente. Ele já possui modelos de IA embarcados que permitem reconhecer ambientes e executar tarefas simples sozinho, mas ainda depende de orientação humana em situações novas ou não previstas. É o mesmo princípio usado em carros autônomos em fase de testes: ele “sabe” dirigir, mas ainda precisa de supervisão.

É seguro ter um NEO em casa?
A 1X afirma que o NEO possui sistemas de segurança redundantes, como sensores de força e câmeras que evitam acidentes. Mesmo assim, especialistas alertam para dois riscos: físico, em caso de falha mecânica ou movimento inesperado, e digital, já que o robô precisa se conectar à internet e pode transmitir imagens e sons da casa para servidores da empresa. O uso de tele-operação humana levanta dúvidas sobre privacidade e proteção de dados.

Ele vai tirar emprego das pessoas?
No momento, não. Primeiro porque ainda está muito no início, e até o robô ser considerado vantajoso vai ser preciso evoluir MUITO. Além de ser muito caro, por enquanto. Mas a tendência é que, a exemplo de outras tecnologias, o custo diminua conforme o produto se populariza. Mas a longo prazo, robôs domésticos podem reduzir a demanda por trabalho humano em tarefas manuais, especialmente em países onde o serviço doméstico é comum — como o Brasil. Essa discussão repete o dilema clássico da automação: a eficiência cresce, mas o impacto social precisa ser debatido.

Vale a pena ter um robô que ajuda a arrumar a casa?
Por enquanto, não. Só se você tiver muito dinheiro e for grande entusiasta de inovações. Mas, como o produto só chega ao Brasil em 2027, pode ser que venha já com muitas melhorias. IA avança de maneira muito acelerada, afinal de contas. Por enquanto, o NEO é mais uma demonstração de tecnologia do que um produto de massa. Ele marca o início de uma transição, por isso tem tanta relevância: inaugura uma era em que a inteligência artificial ganha corpo, literalmente, e começa a ocupar o espaço físico das nossas rotinas.

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