Macron busca novo primeiro-ministro após colapso do governo da França

O presidente da França, Emmanuel Macron, busca o quinto primeiro-ministro em menos de dois anos, após partidos de oposição se unirem para destituir o atual premiê de centro-direita, François Bayrou, após planos impopulares de aperto orçamentário.

Bayrou, derrotado por 364 a 194 em um voto de confiança parlamentar na segunda-feira (8), entregará oficialmente sua renúncia a Macron nesta terça-feira (9).

Quem quer que Macron escolha para sucedê-lo enfrentará a tarefa quase impossível de unir o parlamento e encontrar maneiras de aprovar um orçamento para o próximo ano. A França está sob pressão para reduzir um déficit que é quase o dobro do teto de 3% da União Europeia e uma dívida equivalente a 114% do PIB.

O nome do ministro da Defesa, Sébastien Lecornu, estava entre os que circulavam para o próximo premiê, com as outras opções de Macron sendo escolher alguém da centro-esquerda ou um tecnocrata.

Não há regras que determinem quem o presidente deve escolher, nem com que rapidez. Macron, de 47 anos e no cargo desde 2017, nomeará seu novo primeiro-ministro nos próximos dias, informou o gabinete na segunda-feira.

Os socialistas estavam entre os que disseram que era a vez deles de governar. “Gostaria que fosse a esquerda, os verdes. Precisamos reivindicar o poder”, declarou o líder do Partido Socialista, Olivier Faure, à rádio France Inter.

Primeiro-ministro da França, Francois Bayrou, na Assembleia Nacional, em Paris • 15/01/2025 REUTERS/Gonzalo Fuentes
Primeiro-ministro da França, Francois Bayrou, na Assembleia Nacional, em Paris • 15/01/2025 REUTERS/Gonzalo Fuentes

Protestos pelo país

As empresas francesas estão preocupadas com o impacto da crise política.

“A queda do governo se soma a meses de instabilidade política que já minaram a confiança econômica”, disse Maya Noël, do lobby de tecnologia France Digitale. “No setor de inovação, essa instabilidade tem um custo imediato: desacelera o investimento e a contratação.”

O país também se preparava para os protestos antigovernamentais “Vamos Bloquear Tudo” na quarta-feira (10), que se multiplicaram nas redes sociais, em um possível eco dos protestos generalizados dos “Coletes Amarelos” anti-Macron que abalaram o país em 2018–2019.

Os manifestantes não têm uma liderança centralizada, o que significa que é difícil avaliar o tamanho ou o impacto das manifestações.

O chefe de polícia de Paris, Laurent Nunez, disse à BFM TV que 80 mil policiais seriam mobilizados em todo o país, com as autoridades temendo tentativas de bloqueio de algumas estradas principais e estações de trem, além de possíveis ações violentas.

Para alguns manifestantes, o movimento “Bloqueie Tudo” significa pedir mudanças.

“Agora que a mudança do primeiro-ministro é um acordo fechado, eles precisam se livrar dos que estão no topo… essa é uma mensagem para Macron”, declarou o manifestante Alain Petit, de 61 anos, em um “drinque de despedida” para Bayrou organizado em Clermont-Ferrand, no centro da França, na noite de segunda-feira (8).

Outros “drinques de despedida” para Bayrou foram organizados em frente a prefeituras por todo o país, com os presentes dizendo que estavam se preparando para os protestos de quarta-feira.

Sindicatos também anunciaram um dia de greves e protestos em 18 de setembro.

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