Segundo a professora de Direito Pena da FGV, Luísa Ferreira, em entrevista ao CNN 360º, o primeiro dia de julgamento no Supremo Tribunal Federal, nesta terça-feira (2), revelou uma estratégia das defesas focada em minimizar a participação dos réus em um suposto plano de golpe de Estado. Os advogados optaram por uma abordagem sem confrontos com os ministros, distanciando-se do padrão observado em julgamentos anteriores relacionados aos atos de 8 de janeiro.
No caso específico de Mauro Cid, a defesa enfatizou a ausência de coação durante sua delação, justificando eventuais omissões devido ao abalo psicológico causado pelo envolvimento de sua família nas investigações. Os advogados buscaram caracterizá-lo como um “mero ajudante de ordens”, reduzindo sua relevância no contexto dos acontecimentos.
As defesas não minimizaram a seriedade dos eventos de 8 de janeiro, com um dos advogados chegando a caracterizá-lo como “um dia terrível para a República”. No entanto, a estratégia comum foi tentar excluir seus clientes dos aspectos mais graves da acusação, argumentando ausência em reuniões cruciais ou falta de assinatura em documentos importantes.
Em contraste com as defesas dos executores diretos dos atos de 8 de janeiro, que adotaram uma postura mais combativa, os advogados optaram por uma abordagem conciliatória, inclusive tecendo elogios aos ministros e à Corte.
A expectativa para o segundo dia de julgamento, nesta quarta-feira (3), é de uma discussão mais focada em aspectos jurídicos, especialmente sobre a configuração dos tipos penais de tentativa de golpe e abolição do Estado Democrático de Direito.