Eve, da Embraer, promete “carro voador” para 2027. Será que vem aí?

Parece um pouco ambicioso, para dizer o mínimo, o plano da Embraer: colocar no ar o “carro voador” até 2027. Sim, daqui a menos de dois anos. Por meio de uma subsidiária chamada Eve Air Mobility, a empresa desenvolve desde 2017 uma aeronave elétrica que por décadas existiu apenas no mundo de De Volta para o Futuro e outros clássicos da ficção.

Nem todo mundo está ligado no que estou falando, então vamos ao contexto: a Eve vem trabalhando em seu eVTOL (electric vertical take-off and landing). Em português, veículo elétrico de decolagem e aterrissagem vertical.

São aeronaves com potencial de mudar (não se sabe se pra melhor) a mobilidade urbana. A alcunha de “carro voador” se deve ao fato de serem desenhadas para transportar quatro passageiros e um piloto. Embora o design remeta à aviação, o conceito mira a sociabilidade dos automóveis: conectar bairros e encurtar distâncias.

Voo teste com protótipo prometido para 2025

A Eve acaba de captar US$ 230 milhões em uma oferta direta liderada pela BNDESPar (US$ 75 milhões) e com participações da Embraer (US$ 20 milhões) e de fundos brasileiros e americanos. O investimento servirá para a empresa alcançar a certificação e se tornar operacional. Esse aporte garante o caixa até 2027.

O calendário prevê o primeiro voo de um protótipo ainda neste ano — confesso, isso me deixa megacurioso, tomara que role mesmo.

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O “carro voador” custa US$ 5 milhões e já tem quase 3000 pré-encomendas (Embraer/Divulgação)

Em 2026, serão feitos mais testes, porém com protótipos que terão já a aparência do veículo final e serão avaliados pela ANAC. A expectativa é de receber certificação da agência em 2027.

O preço de cada unidade é de US$ 5 milhões. E já tem quase 3000 pré-encomendas do mundo todo, indicador de que a mobilidade aérea urbana pode ser tão disruptiva quanto foi a popularização dos automóveis há mais de um século.

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A inserção do eVTOL na rotina das pessoas dependerá, além da questão do preço pouco acessível, da construção de vertiportos para seus pousos e decolagens.

Aplicações de IA para fazer o projeto decolar

Tecnologias avançadas — incluindo IA em algumas etapas — devem apoiar o comando dos veículos, a gestão do tráfego aéreo e a integração das rotas urbanas.

Também servirão para integrar o transporte aéreo ao resto da malha viária da cidade. Será que um dia poderemos sair de uma estação de metrô e andar num eVTOL pertencente a um aplicativo tipo Uber, 99 e afins? Ou o “carro voador” herdará a exclusividade dos helicópteros?

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Haverá IA também nos sistemas que vão monitorar cada voo, calcular trajetos em tempo real, antecipar possíveis congestionamentos nos céus e terão de garantir que aeronaves (mesmo que de outros fabricantes) operem de forma segura e eficiente.

Embora no começo o eVTOL vá precisar de piloto humano, existe a perspectiva de operação autônoma daqui a alguns anos — com o piloto dando lugar ao software e à inteligência embarcada, tornando a experiência ainda mais próxima do que se espera de um carro dirigido por inteligência artificial.

Atualmente, a IA está presente como um auxiliar nos processos de desenvolvimento dos veículos (simulações, validações, cálculos, design, consumo e segurança).

Costumo dizer aqui na coluna que, como na vinheta da Globo, “o futuro já começou”. Vamos ver as cenas dos próximos capítulos, talvez já nos próximos meses.

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