Mais de 40% dos projetos de inteligência artificial agêntica, aquela que é capaz de agir de forma autônoma, serão cancelados em menos de dois anos por custarem muito caro, serem pouco claros para os negócios ou ter controles de risco inadequados. Isso é o que projeta o Instituto Gartner, que conclui em estudo divulgado nesta segunda-feira, 7, que a maioria das iniciativas são impulsionadas mais pelo modismo do tema do que por estratégia alinhada aos negócios.
Considerada a mais complexa e poderosa, a IA agêntica está em fase inicial em projetos e, muitas vezes, tem sido mal aplicada, diz diretora analista do Gartner, Anushree Verma. “As empresas precisam superar o hype para tomar decisões estratégicas e cuidadosas sobre onde e como aplicar essa tecnologia emergente.”
Segundo o estudo, as empresas fornecedoras desse tipo de IA contribuem para o problema por falta de maturidade e de uma proposta de valor realista. O Gartner estima que apenas cerca de 130 dos milhares de fornecedores de IA agêntica são, de fato, reais.
“A maioria das propostas carece de valor significativo ou retorno sobre o investimento (ROI), pois os modelos atuais não têm a maturidade e a capacidade de atingir metas de negócios complexas de forma autônoma ou seguir instruções diferenciadas ao longo do tempo”, diz Verma. “Muitos casos de uso posicionados como agênticos hoje não exigem implementações agênticas.”
Apesar dessa dificuldade inicial das iniciativas em IA agêntica o Gartner prevê que pelo menos 15% das decisões do dia a dia no trabalho serão tomadas de forma autônoma por meio desse tipo de IA até 2028, em comparação com 0% em 2024. Além disso, 33% das aplicações de software corporativas incluirão IA agêntica até 2028, ante menos de 1% em 2024.
Uma pesquisa feita também pelo Gartner em janeiro de 2025 com 3.412 participantes mostrou que 19% disseram que suas companhias fizeram investimentos significativos em IA agêntica, 42% fizeram aportes conservadores, 8% não fizeram investimentos, e os 31% restantes estão adotando uma abordagem de esperar para ver ou estão inseguros.
Para obter valor real da IA agêntica, as empresas devem se concentrar na produtividade da companhia, em vez de apenas na melhoria de tarefas individuais”, afirma Verma. “Elas podem começar usando agentes de IA quando decisões são necessárias, para automação para fluxos de trabalho de rotina e assistentes para recuperação simples. Trata-se de gerar valor para o negócio por meio de custo, qualidade, velocidade e escala.”
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