O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) recebeu, na manhã deste domingo (6), o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, no MAM (Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro), onde ocorre a 17ª Cúpula do Brics. Os líderes se cumprimentaram e trocaram apertos de mão para as câmeras.
O encontro de líderes, que se estende até esta segunda-feira (7), já conta com uma declaração final. Os países do Brics conseguiram superar o impasse provocado pelo Irã e alcançaram consenso sobre condenação a ataques militares, reforma da ONU (Organização das Nações Unidas) e protecionismo comercial, apurou a CNN.
As autoridades internacionais vão manifestar “sérias preocupações” com a escalada protecionista e medidas unilaterais de comércio, em uma referência à guerra tarifária deflagrada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
“Manifestamos sérias preocupações com o aumento de medidas tarifárias e não tarifárias unilaterais que distorcem o comércio e são inconsistentes com as regras da OMC (Organização Mundial do Comércio)”, diz um trecho da declaração, obtido pela CNN.
Embora não haja menção direta aos Estados Unidos, pessoas envolvidas nas negociações do comunicado afirmam que Trump foi o alvo.
Além disso, há referências ao protecionismo “sob o pretexto de motivos ambientais”, o que remete a medidas tomadas no passado pela União Europeia contra produtos do agronegócio brasileiro.
A Lei Antidesmatamento da UE, que deve entrar em vigência no início de 2026, afeta uma lista de produtos que vão da carne e da soja produzidas no Brasil ao óleo de palma fabricado na Indonésia (recém-incorporada ao Brics).
“A proliferação de medidas restritivas ao comércio, seja na forma de aumento indiscriminado de tarifas e medidas não tarifárias, seja de protecionismo sob o pretexto de objetivos ambientais, ameaça reduzir ainda mais o comércio global, interromper as cadeias de suprimentos globais e introduzir incerteza nas atividades econômicas e comerciais internacionais”, diz outro trecho da declaração.
Ausência de Putin e Xi
A Cúpula do Brics ocorre sem a presença de duas das principais lideranças do bloco: o presidente da Rússia, Vladmir Putin, e o líder chinês Xi Jinping.
Putin não comparece presencialmente por conta do mandado de prisão emitido contra ele pelo Tribunal Penal Internacional (TPI) em 2023, pouco mais de um ano após a Rússia iniciar a guerra em larga escala contra a Ucrânia, acusando o líder de crime de guerra de deportar centenas de crianças da Ucrânia.
Ele deve, porém, participar por videoconferência.
(Publicado por Lucas Schroeder, com informações de Daniel Ritter, Gabriela Boechat e Jussara Soares)