A recente expansão do Brics, grupo econômico formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, tem gerado debates acalorados no cenário internacional. Roberto Dumas, professor de economia chinesa do Insper, afirma que o bloco “se profanou, de certa maneira, ao incluir o Irã no grupo”.
Segundo Dumas, essa decisão contradiz a imagem que o Brics tenta promover de si mesmo. “Eles tentaram se vender como não sendo um grupo antiocidental. Ora, a Rússia e o Irã são o que então?”, questiona o especialista, destacando a aparente incoerência na composição do grupo.
Críticas à postura brasileira
O professor também critica a postura do Brasil em relação a questões geopolíticas. Ele aponta que o país foi “absolutamente incisivo” ao condenar ataques dos Estados Unidos ao Irã, mas permaneceu silente sobre a ocupação da Ucrânia pela Rússia e a situação na Venezuela.
Dumas questiona ainda a proposta de uma moeda comum para o Brics, sugerida por Lula. “Vou receber essas moedas em pagamento, não vou receber em dólar, quem vai receber é o Banco Central. Então o Banco Central vai fazer um portfólio de birres etíopes e reais iranianos. É isso que nós estamos conversando?”, indaga o economista.
Perspectivas para o futuro do Brics
O especialista considera que a formação atual do Brics, especialmente com a inclusão do Irã, pode comprometer a relevância do grupo no cenário internacional. Ele argumenta que essa configuração dificulta a compreensão do verdadeiro propósito do bloco.
Dumas conclui afirmando que ainda levará muito tempo para que uma nova moeda substitua o dólar nas transações internacionais, minimizando as expectativas em torno das propostas de mudança no sistema monetário global defendidas pelo grupo.