Após vexame de Boca e River, Milei elogia brasileiros e fala sobre SAF

O presidente da Argentina, Javier Milei, usou suas redes sociais para elogiar o futebol brasileiro e falar da transformação dos clubes argentinos em SAFs (SADs, na Argentina), após a eliminação de Boca Juniors e River Plate ainda na primeira fase da Copa do Mundo de Clubes.

As críticas também foram um ataque ao presidente da Federação Argentina de Futebol, Claudio Tapia, que é contra esse tipo de gestão no país.

“Nem River, nem Boca. Sem argentinos no Mundial de Clubes. O Brasil foi com quatro times, os quatro passaram. Até quando teremos que apontar o fracasso do modelo Chiqui Tapia? Um campeonato frágil, com 30 times, sem competitividade, sem SAD, sem incentivos. Não está a altura do tremendo público argentino que lota estádios ao redor do mundo. Insisto, Chiqui Tapia e seu minúsculo círculo fazem mal ao futebol argentino”.

Apesar de a Argentina ter conquistado a última Copa do Mundo, em 2022, com Lionel Messi como protagonista, nos últimos anos, o distanciamento entre clubes brasileiros e argentinos tem provocado um desequilíbrio técnico e econômico, sendo refletido diretamente nos desempenhos e conquistas nas principais competições do continente.

Isso se acentuou, principalmente, com o crescimento em gestão de times como Palmeiras e Flamengo, que ganharam alternadamente a Copa Libertadores, entre 2019 e 2022, e ao surgimento de agremiações que se tornaram SAF no país, casos de Atlético-MG e Botafogo, que coincidentemente fizeram a final da competição em 2024.

Libertadores

Nos últimos seis anos, desde que a Copa Libertadores passou a ter final única, em 2019, somente dois clubes chegaram às finais, casos de River Plate, em 2019, e Boca Juniors, em 2023, mas ambos saíram derrotas.

Neste período, aliás, domínio vem sendo inteiramente brasileiro, com seis taças consecutivas, o que vem trazendo preocupação não somente aos gestores argentinos, mas também às autoridades.

No final do último ano, Milei revogou um decreto que promovia benefícios fiscais para os clubes de futebol do país, numa demonstração que vai de encontro ao desejo de ver os clubes se tornarem empresas.

Em julho de 2024, o Governo da Argentina havia liberado o capital privado no futebol argentino a partir de novembro deste ano, autorizando a transformação em Sociedades Desportivas (SADs).

“O Brasil é sabidamente o país mais rico da América do Sul e o futebol brasileiro é o resultado dessa condição. E a diferença com nossos ‘hermanos’ será ainda mais acentuada com o advento da Liga, mas para isso é necessária uma conversão de interesses dos dois movimentos hoje existentes em prol de um mesmo futebol nacional”, analisa Cristiano Caús, sócio fundador responsável pela área de Direito Desportivo na CCLA Advogados.

Mas o principal entrave para essa mudança está na briga com Claudio Tapia, presidente da Associação do Futebol Argentino desde 2017 – e que vem conseguindo mobilizar os clubes mais tradicionais do país, como o Boca Juniors, fazendo com que essas medidas cautelares acabem parando na Justiça e barrando essa liberação.

A indiferença de virar SAF por parte do Boca Juniors tem a ver também com ligações políticas. Em meados de 2024, o Governo da Argentina havia liberado o capital privado no futebol argentino a partir de novembro deste ano, autorizando a transformação em Sociedades Desportivas (SADs).

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